15 de junho de 2007

Conto "O Violino" - 13º Parte

Quando abriu o portátil verificou que estava tudo na mesma, ainda ninguém tinha acedido àquela estranha e secreta pasta.

Rafael estava cada vez mais impaciente: já tinham passado vinte e dois dias desde o início das investigações e nada se sabia ao certo sobre o assassino de Josefina e, mais tarde, de Luciano.

O portátil deu sinal de bateria fraca. Então antes que ficasse descarregado, o detective foi buscar o carregador. Quando se aproximou do seu computador, verificou que alguém já tinha tido acesso à pasta. Ligou o portátil ao carregador e sem hesitar foi verificar quem tinha entrado na pasta.

Ele nem queria acreditar no que os seus olhos viam. “Não pode ser como é possível! Nunca esperei que fosses tu!”.

Rafael verificou o que continha aquela criminosa pasta: eram mails direccionados para um homem que talvez pudesse estar envolvido no crime. Poderia ser o cúmplice da tal inesperada pessoa que assinara Josefina e talvez Luciano.

O investigador estava muito impressionado e sem saber o que fazer para desmascarar a pessoa que cometera o crime. Seria um pouco agressivo para a restante família saber assim de repente quem era o criminoso. “Não lhes posso contar esta desagradável notícia assim directamente! Seria injusto para eles Os seus corações já têm angústia que chegue. Tenho de arranjar alguma maneira de desmascarar sem que esta o descubra”.

O nervosismo causara-lhe fome. Ora, para pensar no que havia de fazer, o seu estômago tinha que ser bem recheado. Voltou à cozinha:

- Maria!

- Diga senhor!

- Ainda há, aí, algumas bolachitas? – Perguntou Rafael.

- Há sim, meu senhor. O doutor Rafael hoje está com um apetite! - Exclamou Maria, de alguma maneira admirada com o apetite do investigador.

De volta ao trabalho, já com a barriguinha cheia, o detective pôs-se a pensar e teve uma ideia. Ele queria montar uma armadilha, mas para isso precisava da ajuda de alguém que fosse da família, ou muito próximo dela, para que ninguém desconfiasse. Teve alguns momentos de meditação para descobrir o seu cúmplice na sua “caça ao criminoso”. “Já sei!”A única pessoa que o podia ajudar sem dúvida nenhuma era a criada. Ela tinha acesso a tudo e todos confiavam nela, por isso qualquer movimento que fizesse quase que não causaria suspeita nenhuma.

Por isso, voltou para a cozinha para falar com ela:

- Maria! - Diga senhor! Não me diga que vem outra vez às bolachas! - Retorquiu Maria.

- Não. (sorriu). Venho para que me ajudes a descobrir o criminoso!

- Eu?! Mas meu senhor, não sei em que lhe posso ser útil!

- És a pessoa que mais próxima desta família. E acredita que conheces muito bem o criminoso!

- Ai, não me diga!

- Sim! E por isso preciso da tua ajuda! - Afirmou Rafael.

- Quem é esse maldito? - Perguntou Maria, com um ar desesperado.

- Serás a primeira pessoa a saber, mas, por enquanto, só te peço que me ajudes, e que, quando forem 10horas da noite, vás ter comigo à biblioteca, para combinarmos tudo, porque penso que a essa hora estás dispensada do serviço.

- Sim senhor, lá estarei! – Exclamou Maria com convicção.

Já o sol se tinha posto há algumas horas quando Maria foi ter com Rafael à biblioteca.

(Sara)

13 de junho de 2007

Conto "O Violino" - 12ª Parte

Rafael não esqueceu a pasta todo o dia. Interrogava-se “Qual a melhor forma de descobrir a password ? Será um sistema de vigilância? Mas se o assassino topa a armadilha que eu estou a montar para o apanhar! É arriscar de mais! Posso estragar o caso todo! Será melhor falar com um técnico…” Lembrou-se de um velho amigo que era perito em informática, era apelidado de Chip lá na policia “É isso amanhã cedo vou falar com o Chip”.

Rafael foi então pela manhã falar com o seu antigo amigo, que lhe explicou passo a passo aquilo que deveria executar.

Já passava da hora de almoço quando o detective entrou na casa da família Queirós e Maria lhe perguntou:

- Ainda vai almoçar Sr. Rafael?

- Não Maria. Vou para a biblioteca e não quero ser que me incomodem.

Rafael estava ansioso para por o seu plano em marcha. Tirou rapidamente o seu computador da mala e instalou um CD que Chip lhe dera. Depois da instalação concluída, ligou o seu computador à Internet e entrou no computador da família Queirós. Rafael pensava que seria agora que ia apanhar o criminoso “Agora apanhei-te! É só uma questão de tempo! Quando abrires esta pasta eu vou copiá-la para o meu computador e assim saberei o que é que ela tem dentro e quem és tu, criminoso!”.

Durante um silêncio, Rafael ouviu passos e a porta da biblioteca abriu-se de rompante. Era Júlio, que apanhara Rafael a mexer em dois computador, um da sua família. Júlio exclamara:

- Que estás a fazer Rafael? A mexer no meu computador!

Rafael seguro respondeu com firmeza:

- Estava a imprimir umas folhas de que necessito e pensei poder imprimi-las no teu computador, visto que tem impressora. Não te importas?

- Ah! Se é isso, está a vontade.

Esta reacção de Júlio tinha deixado Rafael pensativo “Será que o Júlio tem alguma coisa haver com aquela pasta? Não acredito, ele não era capaz de matar a esposa e o namorado da filha! Mas se ele descobriu que eles tinham um caso. Seria ele capaz de me mentir. Quem pode ter criado aquela pasta?”.

Estas preocupações deixaram-no com fome e foi até à cozinha, falar com Maria:

- Arranje-me aí umas bolachas daquelas mesmo boas.

- É para já Sr. Rafael.

- O Júlio tem andado muito estranho?

- Eu também tenho achado mesmo do Sr. Júlio.

Rafael, depois desta conversa, foi ver se já alguém abriu a pasta e se os dados já estavam no seu portátil. Estava ansioso por resolver o caso.

(Ruben)

7 de junho de 2007

Conto "O Violino" - 11ª Parte

- Parece que querem matar a nossa família... – Acrescentou Júlio.

Depois de receberem a notícia, Lena, assustada com as palavras de seu pai e sem ser capaz de racionar qualquer coisa, dirigiu-se para o quarto, onde, deitada em cima da cama, chorava a morte do seu namorado. “ Porque tinha de acontecer? Porquê? Mataram a minha mãe e agora o meu namorado, que mal fiz eu a Deus para merecer isto.”

Entretanto, Júlio contactou o detective e contou-lhe o que se tinha passado. Rafael chegou o mais depressa possível.

- Chegaste rápido! - Exclamou Júlio surpreendido.

- Meu caro amigo, todos os minutos contam para descobrir quem é o culpado.

Continuaram a conversar sobre o que tinha acontecido a Luciano e onde se encontrava Júlio na noite do crime. Todos eram suspeitos...

Em seguida, Rafael ficou a sós. Reconstruiu os acontecimentos da noite do crime. Júlio, com quem já tinha conversado, dissera-lhe que nessa noite estava a dormir porque tinha tido um dia muito cansativo. E Lena onde ela estava na noite do crime? Foi falar com ela. Bateu à porta e entrou:

- Os meus pêsames!

- Obrigada, detective…

- Precisava de falar consigo sobre a morte de Luciano, se estiver em condições de falar comigo, claro.

- Se não se importa falamos à noite. Estarei bem melhor. Foi um acontecimento muito repentino e não me apetece falar dele.

O detective concordou e saiu do quarto. Dirigiu-se à biblioteca, onde permaneceu durante a tarde toda. Até que saiu para ir jantar.

- Pode falar comigo agora, menina Lena?

- Sim, vamos falar para a biblioteca. É mais segura e as paredes não têm ouvidos.

Prosseguiram para a biblioteca e estiveram a falar durante algum tempo. Depois, Lena saiu, deixando Rafael sozinho.

O detective mais uma vez reconstruiu os acontecimentos da noite do crime. Júlio estava a dormir, o que fora confirmado pela empregada e Lena não estivera em casa. Tinha saído com umas amigas para esquecer o ambiente de casa. Ficava outra vez a dúvida no ar: Quem matou Luciano? A mesma pessoa que matou Josefina? Ou outro criminoso?

Rafael ficou toda a noite a pensar na questão. Então, lentamente, o sol entrou pela janela, os pássaros cantavam e a música chamou a atenção do detective. Era um novo dia e Rafael tinha de continuar com as investigações. Bateram à porta.

- Desculpe.

- Sim. Ah, és tu Maria. Podes entrar.

- Queria perguntar se tomava um café.

- Estou mesmo a precisar.

Passado alguns minutos, chegou Maria com o café e para acompanhar umas bolachas. Deixou Rafael a sós. Ao tomar o café sentado na cadeira, este olhou para o computador. Ao observar o computador, o investigador lembrou-se de que ele continha informações muito importantes sobre o crime. Inseriu a password que tinha descoberto e a pasta abriu. Essa pasta revelava uma caixa, que afinal não tinha qualquer informação sobre o crime. Eram assuntos sobre o trabalho de Júlio. Ao sair dessa pasta, observou um a outra muito estranha. Tinha como imagem um objecto muito esquisito, significava a morte. Quando tentou entrar nela, por azar, também tinha uma password. “Como é que vou descobrir esta password? Como o computador tem aquela pasta muito invulgar, é provável que ela esteja ligada ao crime Se assim for alguém tem de a vir apagar para eliminar as provas do crime. Então, para descobrir quem é o culpado, vou montar um sistema de vigilância. Quando ele(a) vier apagar ou até mexer nela, posso descobrir a password e assim saberei quem é o assassino.”

(Rosana)

Conto "O Violino" - 10ª Parte

Imaginavam-se possibilidades …

O dia clareou e com ele acordaram os pássaros. Pássaros que se escondiam por detrás dos arbustos do jardim da família Queirós.

Os primeiros raios de sol penetravam na vidraça ao encontro da face de Lena. Sua cara estava cada vez mais quente, o que lhe dava um tom rosado. O sol bateu-lhe nos olhos, que lentamente se abriram. Olhou para a janela… O dia estava tão belo... Tudo em sintonia… existia amor por todo o lado. Até o vento, que passava, agitava amorosamente as pequenas e simples folhas. Desceu as escadas com toda a suavidade. Estava bem disposta, já tinha ultrapassado toda a dor.

Com a ajuda de Luciano, ela entendeu que não era culpada, que deveria aproveitar a sua vida, seguindo em frente.

- Que fome! Como desejo o meu pequeno-almoço.

Lena dirigiu-se à mesa, que estava recheada, como sempre, preenchida com tudo de bom para uma alimentação digna e completa. Seu pai já estava presente e, quando deu conta da sua chegada, retorquiu:

- Bom dia, minha filha!

- Bom dia, pai!

- Ontem estive a falar com Rafael e depois de me deitar não tive mais notícias dele. Viste-o?

- Ah! Ele pediu-me para lhe dizer que foi até casa.

- Até casa?

- Sim, meu pai. Estava com saudades da família.

- Acredito.

Nesse instante, a campainha tocou e Maria, que estava junto deles, dirigiu-se à porta, que abriu imediatamente. As notícias não eram as pretendidas…

Depois de o desconhecido lhe mostrar as provas, dirigiu-se de novo até a sala. Assim que se aproximou, pai e filha entenderam que não podia ser coisa boa.

- Ai, que nem sei como lhe hei-de dizer…

- O que foi Maria?

- Ai o senhor Luciano…

- Luciano, o que lhe aconteceu?

- O pobre foi…

- Diz logo mulher.

- O seu corpo foi encontrado num pequeno lago ao pé da floresta.

- Ai, meu Deus.

- Calma, Lena.

- Meu pai, primeiro matam violentamente minha mãe e agora o meu namorado.

(Rita)

Conto "O Violino" - 9ª Parte

- Meu amigo, a tua face transparece a tristeza que vai dentro de tua alma. – exclamou o detective.

- A minha vida não faz mais sentido. De que vale amar se agora não o posso demonstrar? De que vale sentir este sentimento, o mais intenso de toda a minha vida, se a minha amada partiu? – perguntava Júlio, manifestando a sua angústia – Porquê? Porquê a minha doce e meiga Josefina? Que ser tão cruel é capaz de uma monstruosidade destas?

- Eu entendo. Mas tens de ser forte. Não te podes deixar-te ir a baixo.

A tristeza de Júlio era impossível de ser negada… O homem estava de rastos… Nada nem ninguém o animava. Uma imensa solidão tinha-se instalado no seu coração e só o sofrimento e a mágoa se apoderavam de si.

- Como posso eu ser forte se a razão do meu viver se foi? Eu amava-a como nunca amei ninguém! Ela era o meu mais que tudo… – afirmou Júlio.

- Como eu te entendo – exclamou Rafael – nem sei que te diga. A tua infelicidade entristece o meu coração. Se ao menos não tivesses saído naquele dia ou se tivesses voltado antes de anoitecer…

- Pois… Mas não tens noção do quão maravilhoso era amar e ser amado por aquela mulher… – disse Júlio, desviando a conversa.

Continuaram a falar durante longos minutos. Porém o viúvo não queria sequer falar acerca do que tinha andado a fazer naquele dia.

Cada vez mais dúvidas envolviam o pensamento do detive. “Por que não quer ele falar sobre a sua saída naquele dia? Porque não quer referir os acontecimentos da sua noite? Será que foi mesmo à caça?” – pensava o homem perplexo com a situação. A história estava a tornar-se cada vez mais complexa e apenas dúvidas e incertezas rodeavam a cabeça do pobre Rafael. Ele apenas queria chegar ao desfecho do trágico acontecimento e descobrir o autor de tal malvadez.

“Quem terá morto Josefina?” – era a pergunta para a qual todos queriam encontrar uma resposta. A dúvida estava instalada! Todos estavam cheios de incertezas e já todos desconfiavam uns dos outros. Apenas e somente o criminoso não tinha desconfianças mas, bem tentava fingir que as tinha (é um facto), só ele (ou ela) sabiam o que tinha acontecido naquela noite, naquele momento…

(Mariana)

1 de junho de 2007

Conto "O Violino" - 8ª Parte

Depois de tantos casos não lhe custava admitir que era uma boa hipótese, contudo mãe e filha eram tão ligadas! Embora Lena odiasse as ditas aulas era próxima da mãe e com ela dividia muitos dos seus problemas, contava-lhe as suas experiências e partilhavam muitos objectos. Eram muito idênticas, tanto nos gostos como na personalidade, ainda que em sua mãe se destacasse mais o sorriso predominante. Mesmo nos momentos mais difíceis, tinham sempre uma palavra amiga para dizer, um consolo. Nunca tinha notado intrigas naquela família, davam-se muito bem, inclusive até com Maria, que embora sendo a empregada nunca deixara de jantar com eles. Exigência da patroa! Lá no fundo queriam acabar com as diferenças de tarefas. Dentro daquela casa todos eram iguais, todos tinham as suas funções e horário para o convívio entre eles. Jantavam todos juntos, fora os dias em que alguém chegava mais tarde e avisava Maria. Não era um quartel-general, enganem-se os que o estão a imaginar, era apenas uma casa onde existia respeito e amor pelos primeiros princípios.

Mais uma vez estava confuso. Precisava de uma pequena pista que confirmasse ou desmentisse as suas teorias. Bem que o assassino poderia ter deixado uma pista digital. Seria tudo muito mais fácil. Isso levava-o a imaginar um criminoso informado e muito actualizado. Quem seria? Lena era demasiado ligada à mãe, sempre procurara a felicidade de ambas: Mesmo que tivesse descoberto a traição, nunca teria uma atitude tão drástica e horrível. Era a sua mãe. Luciano amava a sua futura sogra, não tinha motivos para querer a sua morte. Quanto a Júlio podia ter descoberto toda a verdade, mas nem assim ganharia coragem. Sobrava assim a simples empregada, que se quisesse um aumento de salário tê-lo-ia, que era tratada com muito carinho e simultaneamente protegida pela sua patroa. Também não podia esquecer o estado de aflição em que a encontrar ao ver a patroa morta.

A biblioteca estava fria, porém o sol já tinha nascido. O detective ergueu-se da cadeira, que lhe servira de cama, para abrir as ilustres cortinas. Para o seu espanto, do lado de fora, encontravam-se Lena e Luciano. Estes também discutiam os seus pensamentos. Via-se nas suas caras, estavam a falar da noite do crime. Permaneceu ali, à escuta, ouvindo conversa alheia, que podia ajudá-lo na resolução.

- Não apareceste naquela noite.

- Outra vez com essa conversa! Minha querida, já te expliquei que não tinha rede.

- Eu sei. Desculpa, mas…

- Percebo que queiras encontrar o culpado pela morte da tua mãe, todavia não podes desconfiar das pessoas que te rodeiam.

- Desculpa-me, Luciano.

- Prometo-te que, quando descobrirem a pessoa que se esconde por detrás do corpo de tua mãe, vou fazer o possível para que esta apodreça na prisão.

- É tão bom ter-te aqui. Tenho de aproveitar estes pequenos momentos.

O casal afastou-se e com ele a mágoa e a parte sentimental, de seguida ao inspector chegou a parte profissional, carregando com ela as dúvidas de sempre.

Aquelas palavras de Lena ecoavam na sua cabeça, no as usava de qualquer maneira, não podia, algo lhe dizia dentro de si. Sentia-o, mas o que seria? Gostava tanto de saber o que aquele ser escondia, a quem se dirigia e principalmente o que significava aquela combinação de letras, sim porque a um homem sábio nada diziam. Esperava encontrar uma simbologia, um sinal. Procurou entre computadores pastas discretas. Malditas pastas! Eram tantas. No meio encontrou o que procurava, “Lena” era o seu nome. Hesitou, mas abriu-a. Para seu espanto tinha password. Mais uma vez estava tramado! Tinha de descobrir uma maneira, uma palavra que se adequasse a situação.

Foi interrompido:

- Desculpe Senhor, Luciano insiste em falar-lhe.

- Mande-o entrar.

- Com sua licença.

- Toda.

Luciano entrou calmamente na sala, tirou a boina que lhe tapavam seus cabelos loiros e continuou:

– Eu precisava de lhe dizer que embora eu namorasse com Lena…

- Eu sei. Já descobri esse desvio.

- Contudo …

- Não tens nada a temer da justiça, se não a mataste. Porque estás assim?

- Depois de saber que eu estive envolvido com ela, podia pensar que fui eu que a matei.

- Eu não posso só pensar, preciso de factos. Pensar não resolve nada. Depois de eu descobrir quem foi falamos... Era só isso?

- Era.

- Então peço que me deixes a sós.

Luciano voltou as costas, gemendo, doía-lhe tudo o que se estava a passar. Acontecimentos que lhe feriam o coração. Pobre de mim, porquê me tinha de acontecer isto? Porquê? Sempre tentei ser boa pessoa, amar sem limites, e depois matam-me, quem sinceramente responde aos meus sentimentos.

- Luciano!

- Sim. – Retorquiu o sofredor apaixonado

- Tu que conheces muito bem Lena, sabes algum “ditado” que ela goste muito?

- Sim ela gosta de alguns.

- Tais como?

- “Não deixes para amanhã, o que podes fazer hoje”, “O verdadeiro pecado seria negar o que o teu coração verdadeiramente sente”. Acho que são os seus preferidos.

- Obrigado.

Deste modo Luciano abandonou a biblioteca. Naquele momento a divisão era unicamente destinada à investigação. Ninguém se entrevia a interromper o seu trabalho. Maria aparecia de vez em quando, quando chamada, e trazia consigo umas bolachas, para que entre as refeições ele não passasse fome. Este agradecia, realmente precisava de se manter bem.

Escolheu o segundo ditado, seleccionando palavras, não sabia o motivo, era como se fosse uma atracção, estava a dizer-lhe que o queria ajudar. Inseriu as palavras e aquela pasta abriu. Uma caixa encontrada, que lhe revelava e dava pistas que teve de abandonar, uma vez que foi interrompido pelas bolachas.

- Obrigado, Maria.

- Ah! É verdade, Júlio está doido. Procurou-o por toda a casa.

- Ele quer falar comigo?

- Não sei, não me disse o que queria. Mas devia ser urgente. O patrão estava fora de si. Trabalho cá há anos e poucas vezes o vi assim.

- Deixe, não se preocupe, eu mesmo irei procurá-lo.

- Não é necessário, Maria deixe-nos a sós. – Disse Júlio, aparecendo no fundo do corredor

Júlio e o amigo fechados na imensidão falaram durante horas. Uma conversa exaustiva, sim, pela cara de Júlio quando saiu, deixando o detective mais uma vez sozinho.

(Fátima)


24 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 7º Parte

Para tentar responder a alguma destas questões, Rafael decide continuar com as suas investigações e pesquisar o resto da casa. Este fareja tudo loucamente à procura de algo que possa relacionar com o crime, até que numa casa de arrumos bem escondida no pátio toda coberta de heras encontra uma pequena caixa de prata. Pensando, interroga-se:

- O que fará esta caixa de prata, que parece ser tão valiosa, aqui no meio deste lixo?

Rafael fica por momentos a olhar para o objecto até que decide abri-lo. Então, viu um monte de folhas todas arrumadas com cuidado. Quando começa a ler qual não foi o seu espanto ao descobrir que eram cartas de amor. Leu uma que dizia:

Querida Josefina,

Deves achar estranho receber uma carta minha, visto que não tenho o hábito de escrever. Mas, de repente, deu-me uma vontade louca de confessar-te o quão bom é amar-te o quanto nos faz bem esta ternura que nos cerca, mesmo quando não estás exactamente do meu lado. Sabes, amar-te é sentir-me amado por ti, é a melhor de todas as sensações que já experimentei na vida. Contigo sinto-me feliz e poderoso, sinto-me livre, no sentido de ter a segurança de tomar qualquer atitude, qualquer rumo, sabendo que estou a agir em busca do melhor para nós os dois. Tenho sempre muitas saudades tuas, mas são saudades boas, saudades doces e ternas, tranquilas, pois sabem que serão saciadas - e muito bem saciadas -, assim que os meus olhos tocarem o brilho do teu olhar e o risonho branco da tua boca.

Minha querida e adorável criatura, que a pureza deste meu sentimento (que eu percebo recíproca) perdure plena e intensa por toda a vida.

Sinceramente,

Luciano

Rafael ficou petrificado ao ler isto. Nunca poderia ter suspeitado tal coisa: o Luciano, namorado de Lena, envolvido com Josefina, a sua mãe. Pelo menos a investigação está-se a compor! Matutou o detective. De seguida, Rafael decidiu continuar a sua investigação com o objectivo de reunir mais provas. Foi, então, que decidiu investigar os computadores de Luciano, Lena e Josefina, onde acabou por encontrar outras cartas contendo declarações amorosas entre Luciano e Josefina, enviadas por e-mail. Todavia, encontrou também algo estranho: era uma espécie de ameaça de Lena a Luciano! Ao que parecia, ela estava já desconfiada do envolvimento entre ele e sua mãe. Seria?

(Requicha)

19 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 6º Parte

Rafael, quando saiu do quarto, foi até ao pátio para organizar as ideias. Começou a pensar, a pensar, a pensar…e chegou à conclusão de que quem tinha mais motivos para matar Josefina era a sua filha. Mas fazia-lhe muita confusão: uma filha matar a própria mãe?...

Entretanto, Rafael não queria parar as suas investigações. Como um bom investigador, pretendia sempre saber mais e mais.

Da janela da cozinha, Maria, avistou Rafael. Como não tinha nada para fazer naquele instante, foi ter com ele.

- Está muito inquieto, Sr. Doutor, – Afirmou Maria – posso ajudá-lo em alguma coisa?

- Já que pergunta se preciso de ajuda, acho que não vou negar. – Respondeu o inspector.

- Então diga lá o que quer saber. Se eu souber, respondo com todo o prazer – concordou Maria.

O inspector perguntou-lhe se sabia com quem é que Lena tinha saído na noite do terrível crime. Maria, com toda a sinceridade, disse-lhe que a única coisa que Lena lhe dissera antes de sair fora: “Vou sair, não volto muito tarde, mas não venho jantar.”

- Nisto fechou a porta e saiu. – Concluiu a criada - Nem tive tempo de perguntar à menina Lena com quem ia sair!

- Muito obrigado dona Maria, está a dar-me uma ajuda preciosa na descoberta do criminoso deste crime tremendo. – Agradeceu Rafael.

- Não tem nada que agradecer, eu também quero saber quem foi o assassino! - exclamou Maria – Mas se já não quer saber mais nada, vou até à minha humilde cozinha ter com os meus tachos e procurar a faca para preparar a carne para o jantar.

Esta conversa ainda deu mais que pensar a Rafael. E onde estará a faca? Quem foi que tirou a faca da cozinha da dona Maria? Será que foi com a faca que mataram Josefina? Eram estas as perguntas sem respostas que navegavam na cabeça do inspector.

Para tentar encontrar resposta a alguma destas perguntas foi fazer uma pequena busca à casa da família Queirós.

(Liliana)

15 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 5ª Parte

Entretanto, Rafael foi dar uma volta pelo pátio da casa, enquanto esperava que Lena chegasse. Ele aproveitou esse tempo para por as ideias no lugar. “A razão que levou a matarem Josefina foi uma vingança pessoal, mas quem teria algo contra ela? Quem é que lhe poderia desejar mal?”. Os seus pensamentos foram interrompidos por passos e lamúrias. Apercebeu-se de que pertenciam a Maria. Esta vinha carregada de sacos de compras e, vendo isto, Rafael prontificou-se a ajudar.

- D. Maria, eu levo os sacos mais pesados. – disse Rafael, pegando automaticamente nos sacos das batatas e das hortaliças.

- Oh, Sr. Rafael, não é preciso! – exclamou Maria, atrapalhada – É o meu serviço. – mas teve que se calar, pois viu que não o conseguiria demover.

Chegando à cozinha, Maria arrumou o que tinha nos sacos e começou a preparar a carne para o jantar.

- Ai, …, oh mãezinha, …, então mas,..., onde está? – interrogou-se Maria.

- O quê? – perguntou Rafael

- A faca para cortar a carne. Não sei onde ela está. Bem, se calhar arrumei-a num outro lugar. – desculpou-se Maria.

No entanto, Rafael não ficou convencido, porque Maria era conhecida como uma mulher muito organizada.

Quando chegou à sala, Rafael soube que Lena tinha acabado de chegar e que estava no seu quarto. Pediu permissão ao pai e foi falar com a rapariga. Subiu as escadas que davam acesso aos quartos e dirigiu-se ao de Lena. Ela estava a ouvir música clássica com o volume no máximo. Rafael teve que bater à porta com força e frequência para se fazer ouvir. Lena abriu-lhe a porta e não se mostrou nada surpreendida por vê-lo.

- Posso fazer-te umas perguntas? – perguntou delicadamente Rafael.

- Claro! – respondeu Lena prontamente – Entre!

Ela convidou-o a sentar-se no puf que estava ao pé da janela. Ela, por sua vez, sentou-se na sua cama.

- Soube que tens aulas de canto no conservatório onde trabalhava a tua mãe? – começou Rafael.

- Sim, tenho. – respondeu secamente.

- Uhm, …, mas não é muito do teu agrado, pois não?

- Não, não é! E nunca foi. – respondeu Lena – Foi para fazer a vontade à minha mãe. Eu não tinha jeito para tocar nenhum instrumento e, como é uma tradição na família ter-se uma profissão ligada à música, ela achou que eu devia ir para canto. Eu nunca concordei, mas não houve alternativa!

- Como vais fazer agora que a tua mãe morreu?

- Não sei! – respondeu prontamente Lena – Ainda não pensei nisso. Porquê?

- Pura curiosidade. – respondeu Rafael pensativamente – Onde estavas quando a tua mãe faleceu?

- Eu e uma amigas fomos a uma bar bastante movimentado na cidade. Estou sempre em casa, mereço espairecer um pouco. – ripostou Lena

- Claro, claro, … Mas chegaste cedo, para quem precisa de se divertir.

- Não gostei da companhia! – respondeu sarcasticamente Lena, pegando numa revista que tinha ao pé de si.

Rafael apercebeu-se de que ela lhe escondia algo. Decidiu não forçá-la. Tinha de agir com perspicácia.

- Bem, é tudo, – disse Rafael, dirigindo-se para a porta – Ah, já me esquecia! Já contactas-te com o Luciano?

- Não. Não sei nada dele.

Rafael saiu do quarto bastante intrigado. “Por que não aparece Luciano?”.

(Gabriela)

Conto "O Violino" - 4ª Parte

O detective saiu pensativo da casa dos Queirós, Luciano vinha mais vezes falar com a futura sogra do que propriamente com a sua namorada. Algo se passava, só não tinha era ainda descoberto o quê!

Já passado o difícil dia do enterro de sua esposa e com uma noite mal dormida, Júlio decidiu fazer o que mais gostava: afinar instrumentos, para ver se se distraía um pouco e para não pensar tanto no que tinha acontecido à sua esposa.

Era hora do almoço quando apareceu uma visita, Rafael. Encontram-se os dois no jardim.

- Olá meu amigo, como te sentes?

- Rafael, é como se a minha vida já não tivesse sentido… A Josefina faz-me tanta falta!

Rafael tentou reconfortar o amigo dizendo que faria o que estivesse ao seu alcance para descobrir quem tinha feito tal coisa à sua esposa.

- Ficas para o almoço? – perguntou Júlio a Rafael.

- Fico sim.

- Vou já dizer à Maria que ponha mais um prato na mesa.

Durante o almoço, ninguém disse nada. Estava estabelecido um ambiente mórbido na sala de jantar.

Já durante a sobremesa Rafael dirigiu-se ao pai e à filha:

- Eu sei que para vocês ainda é cedo, mas eu gostaria de falar com os dois ainda hoje.

- Claro, quando quiseres. – respondeu lentamente Júlio com a sua voz rouca.

De tarde, Lena saiu, dando ao pai a justificação de ir ao conservatório para se encontrar com Luciano. Era a altura ideal para Rafael falar com Júlio. Dirigiram-se ambos à biblioteca para terem uma maior privacidade. Rafael foi directo ao assunto, pois era um homem prático e não gostava de grandes intróitos.

- Onde estavas no dia em que a Josefina morreu?

- Já te disse, fui caçar.

- E o quê?

- Coelhos, caça miúda. Fui experimentar uma caçadeira nova que comprei na outra semana.

Júlio tinha dado a Rafael a resposta à sua próxima pergunta: a arma que ele tinha usado não era a sua arma habitual, aquela que Rafael tinha visto no moinho.

- E quanto tempo estiveste fora? Sê o mais preciso possível.

- Saí de manhã, pouco depois das sete e só voltei já tu estavas em minha casa, não sei bem mas já devia passar das nove. Foi nessa altura que soube do que tinha acontecido à minha querida Josefina.

Sem mais perguntas, Rafael perguntou por Lena. Porém, esta ainda não tinha voltado do conservatório.

(Cristiana)

3 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 3ª Parte

A igreja dava o sinal do triste acontecimento na família dos Queirós.

Enquanto isso, Rafael tentava perceber quem teria tamanha crueldade para praticar um acto destes num ser humano como Josefina. Uma pessoa que aparentava delicadeza, fragilidade e ternura.

Durante a tarde, iniciou-se a cerimónia fúnebre. Rafael e Lena aperceberam-se da ausência de Luciano, mas não quiseram comentar o assunto no momento.

De regresso a casa dos Queirós, cada um foi para seu lado: Lena refugiou-se no quarto e o seu pai, Júlio, retirou-se para a biblioteca, deixando o detective sozinho.

Aproveitando a oportunidade, Rafael decidiu ir falar com Maria novamente, mas desta vez sobre Luciano. Abriu a porta da cozinha e viu a empregada a arrumar umas facas que estavam sobre a banca. E então disse:

- Boa tarde, Maria. Pode conceder-me um minuto?

- Boa tarde, Sr. Doutor. Claro que sim. – respondeu Maria ainda atordoada.

- Há quanto tempo conhecia Luciano? – perguntou o detective.

- Acerca de dois anos. Desde que começou a namoriscar com a menina. – respondeu a criada.

- E o Luciano costumava vir falar com a menina Lena muitas vezes? – perguntou Rafael.

- Sim, muitas vezes.

Maria, por momentos pensativa, referiu:

- Mas, ultimamente, o menino Luciano vinha conversar muitas vezes com a senhora. Então, Maria começou num pranto exclamando em voz alta:

- Como vou sentir falta do toque daquele violino naquelas tardes em que lhe levava o chá! A senhora não merecia uma morte assim.

Rafael confortou-a dizendo que iria descobrir o que se passou naquela noite e saiu.

(Cláudia)

1 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 2ª parte

- É verdade! – Afirmou Júlio – Quem diria!

Lena dirigiu-se até ao canto da sala enquanto telefonava a Luciano, o seu namorado. Ia contar-lhe tudo o que se tinha passado. Lena nunca necessitara tanto do apoio dele como neste momento. O sinal de impedido indicava-lhe o pior. O seu namorado estava incontactável. O que se passaria?

- Talvez esteja a escrever a sua partitura… – disse Lena apoiando o seu telemóvel contra o peito – O seu futuro depende dela!

Luciano era compositor de violino e estava há meses a escrever uma partitura para um quarteto de violinistas alemães. Se tudo corresse bem, iria ser a sua iniciação no estrangeiro.

No centro da sala, as frases monossilábicas de Júlio demonstravam a Rafael o sofrimento dele. O detective nunca o tinha visto assim.

- Então e a caça? – tentava desta forma Rafael abater o silêncio

- Qual caça?

- Não estiveste na caça? Como hoje é dia de caça e tens as botas sujas de terra pensei que tinhas ido.

- Ah sim! Fui. Já não consigo raciocinar. – desabafou Júlio.

- O Luciano não atendeu o telefone, papá. Deve estar a trabalhar na partitura. – disse Lena a seu pai.

- Deixa lá. Também já não vinha fazer nada… – Afirmou Júlio cabisbaixo.

- E esse Luciano quem é? – perguntou Rafael a Lena, iniciando assim informalmente o seu trabalho.

- É o meu namorado. Ele esteve cá em casa ontem, mas recebeu uma chamada e teve de sair. Agora telefonei-lhe e ele não atende.

Depois de um curto período de silêncio, Rafael decidiu ir falar com a empregada que estava na cozinha ainda em estado de choque. Depois de uma curta conversa, Rafael apercebeu-se de que não iria conseguir realizar o seu trabalho naquela noite, decidindo assim voltar no dia seguinte para ver melhor o moinho e para conversar então com a empregada.

- Então até amanha, Júlio. Vai para a cama e tenta descansar. Amanhã irás ter um longo dia à tua frente. Eu passo por cá logo de manhãzinha. – despediu-se Rafael.

- Até parece que isto tudo é uma mentira. – desabafou Júlio.

O sol rompera de manhã pela janela de Rafael. Nem parecia que na noite anterior tinha acontecido tudo aquilo.

Já no moinho, Rafael olhou para as pás e pensou: “Não é possível que alguém sozinho consiga por outra pessoa ali pendurada. Ou era mais do que um homicida ou então este não foi o local do crime.” Aqui começavam as suspeitas de Rafael. Como teria sido afinal Josefina morta? Teria sido aquele o local do crime? Ou haveria mais do que um assassino?

Ao abrir a porta do moinho, ele ficou ainda mais intrigado! Rafael avistou ao longe a espingarda de caça de Júlio. “Ele disse que tinha ido à caça! Se não estava em casa quando ocorreu o crime, como é possível que a espingarda dele esteja aqui? O moinho esteve fechado durante toda a noite. Ou ele não levou a espingarda preferida de caça ou então não foi lá e está-me a esconder alguma coisa. Mas se não foi, como explicar as botas sujas de lama?”

Rafael deixou então o moinho e dirigiu-se à casa dos Queirós. Bateu à porta e Maria veio então abri-la.

- Bom dia, Maria. Já se sente melhor? – perguntou educadamente Rafael.

- Bom dia, Sr. Doutor. Já estou muito melhor. Peço-lhe imensa desculpa por não ter conseguido falar consigo ontem à noite. Se desejar conto-lhe tudo o que se passou, enquanto o Sr. Queirós acaba de se vestir para o funeral da Senhora.

É então que chega Júlio à cozinha. Maria já tinha contado a Rafael tudo o que sabia.

- Bom dia, Rafael? Vens connosco para o funeral? – perguntou Júlio.

- Sim. Vamos.

(André)

Conto "O Violino"

tinha escurecido, Maria, a criada, fora fechar a cancela. O vento de trovoada tinha uma força tremenda naquela noite. “Isto até parece força do demo… Credo!”, pensou ela. Não estava vivalma em casa! Lena saíra (com Luciano?), Júlio fora à caça (não perdia uma oportunidade) e Josefina ainda não tinha chegado da escola de música.

- É estranho, a senhora nunca se atrasa! – matutou Maria, quando ouviu bater a porta do moinho – Maldito vento!

Maria correu até ao moinho. Estava encharcada. As pás do moinho rodavam violentamente. Foi então que a viu! Era monstruoso. Josefina, amarrada a uma das pás, rodava desfalecida. O sangue desenhava círculos infernais no ar. As mãos, como se tocassem um violino, não tinham um único dedo. A boca cosida com um fio estranho parecia uma pauta sinistra…

Na sala, o ambiente estava pesado. Lena e Júlio, abraçados, deixavam transparecer uma dor funda.

- Quem poderia ter feito isto? – Afirmou Júlio, dirigindo-se a Rafael.

- Já vi muitos crimes, investiguei muitos casos pavorosos. Nenhum tão sádico como este. E logo contigo, meu amigo de infância!

(colectivo)