Já tinha escurecido, Maria, a criada, fora fechar a cancela. O vento de trovoada tinha uma força tremenda naquela noite. “Isto até parece força do demo… Credo!”, pensou ela. Não estava vivalma em casa! Lena saíra (com Luciano?), Júlio fora à caça (não perdia uma oportunidade) e Josefina ainda não tinha chegado da escola de música.
- É estranho, a senhora nunca se atrasa! – matutou Maria, quando ouviu bater a porta do moinho – Maldito vento!
Maria correu até ao moinho. Estava encharcada. As pás do moinho rodavam violentamente. Foi então que a viu! Era monstruoso. Josefina, amarrada a uma das pás, rodava desfalecida. O sangue desenhava círculos infernais no ar. As mãos, como se tocassem um violino, não tinham um único dedo. A boca cosida com um fio estranho parecia uma pauta sinistra…
Na sala, o ambiente estava pesado. Lena e Júlio, abraçados, deixavam transparecer uma dor funda.
- Quem poderia ter feito isto? – Afirmou Júlio, dirigindo-se a Rafael.
- Já vi muitos crimes, investiguei muitos casos pavorosos. Nenhum tão sádico como este. E logo contigo, meu amigo de infância!
(colectivo)
1 comentário:
Como somos trágicos...:D
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