15 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 5ª Parte

Entretanto, Rafael foi dar uma volta pelo pátio da casa, enquanto esperava que Lena chegasse. Ele aproveitou esse tempo para por as ideias no lugar. “A razão que levou a matarem Josefina foi uma vingança pessoal, mas quem teria algo contra ela? Quem é que lhe poderia desejar mal?”. Os seus pensamentos foram interrompidos por passos e lamúrias. Apercebeu-se de que pertenciam a Maria. Esta vinha carregada de sacos de compras e, vendo isto, Rafael prontificou-se a ajudar.

- D. Maria, eu levo os sacos mais pesados. – disse Rafael, pegando automaticamente nos sacos das batatas e das hortaliças.

- Oh, Sr. Rafael, não é preciso! – exclamou Maria, atrapalhada – É o meu serviço. – mas teve que se calar, pois viu que não o conseguiria demover.

Chegando à cozinha, Maria arrumou o que tinha nos sacos e começou a preparar a carne para o jantar.

- Ai, …, oh mãezinha, …, então mas,..., onde está? – interrogou-se Maria.

- O quê? – perguntou Rafael

- A faca para cortar a carne. Não sei onde ela está. Bem, se calhar arrumei-a num outro lugar. – desculpou-se Maria.

No entanto, Rafael não ficou convencido, porque Maria era conhecida como uma mulher muito organizada.

Quando chegou à sala, Rafael soube que Lena tinha acabado de chegar e que estava no seu quarto. Pediu permissão ao pai e foi falar com a rapariga. Subiu as escadas que davam acesso aos quartos e dirigiu-se ao de Lena. Ela estava a ouvir música clássica com o volume no máximo. Rafael teve que bater à porta com força e frequência para se fazer ouvir. Lena abriu-lhe a porta e não se mostrou nada surpreendida por vê-lo.

- Posso fazer-te umas perguntas? – perguntou delicadamente Rafael.

- Claro! – respondeu Lena prontamente – Entre!

Ela convidou-o a sentar-se no puf que estava ao pé da janela. Ela, por sua vez, sentou-se na sua cama.

- Soube que tens aulas de canto no conservatório onde trabalhava a tua mãe? – começou Rafael.

- Sim, tenho. – respondeu secamente.

- Uhm, …, mas não é muito do teu agrado, pois não?

- Não, não é! E nunca foi. – respondeu Lena – Foi para fazer a vontade à minha mãe. Eu não tinha jeito para tocar nenhum instrumento e, como é uma tradição na família ter-se uma profissão ligada à música, ela achou que eu devia ir para canto. Eu nunca concordei, mas não houve alternativa!

- Como vais fazer agora que a tua mãe morreu?

- Não sei! – respondeu prontamente Lena – Ainda não pensei nisso. Porquê?

- Pura curiosidade. – respondeu Rafael pensativamente – Onde estavas quando a tua mãe faleceu?

- Eu e uma amigas fomos a uma bar bastante movimentado na cidade. Estou sempre em casa, mereço espairecer um pouco. – ripostou Lena

- Claro, claro, … Mas chegaste cedo, para quem precisa de se divertir.

- Não gostei da companhia! – respondeu sarcasticamente Lena, pegando numa revista que tinha ao pé de si.

Rafael apercebeu-se de que ela lhe escondia algo. Decidiu não forçá-la. Tinha de agir com perspicácia.

- Bem, é tudo, – disse Rafael, dirigindo-se para a porta – Ah, já me esquecia! Já contactas-te com o Luciano?

- Não. Não sei nada dele.

Rafael saiu do quarto bastante intrigado. “Por que não aparece Luciano?”.

(Gabriela)

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