24 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 7º Parte

Para tentar responder a alguma destas questões, Rafael decide continuar com as suas investigações e pesquisar o resto da casa. Este fareja tudo loucamente à procura de algo que possa relacionar com o crime, até que numa casa de arrumos bem escondida no pátio toda coberta de heras encontra uma pequena caixa de prata. Pensando, interroga-se:

- O que fará esta caixa de prata, que parece ser tão valiosa, aqui no meio deste lixo?

Rafael fica por momentos a olhar para o objecto até que decide abri-lo. Então, viu um monte de folhas todas arrumadas com cuidado. Quando começa a ler qual não foi o seu espanto ao descobrir que eram cartas de amor. Leu uma que dizia:

Querida Josefina,

Deves achar estranho receber uma carta minha, visto que não tenho o hábito de escrever. Mas, de repente, deu-me uma vontade louca de confessar-te o quão bom é amar-te o quanto nos faz bem esta ternura que nos cerca, mesmo quando não estás exactamente do meu lado. Sabes, amar-te é sentir-me amado por ti, é a melhor de todas as sensações que já experimentei na vida. Contigo sinto-me feliz e poderoso, sinto-me livre, no sentido de ter a segurança de tomar qualquer atitude, qualquer rumo, sabendo que estou a agir em busca do melhor para nós os dois. Tenho sempre muitas saudades tuas, mas são saudades boas, saudades doces e ternas, tranquilas, pois sabem que serão saciadas - e muito bem saciadas -, assim que os meus olhos tocarem o brilho do teu olhar e o risonho branco da tua boca.

Minha querida e adorável criatura, que a pureza deste meu sentimento (que eu percebo recíproca) perdure plena e intensa por toda a vida.

Sinceramente,

Luciano

Rafael ficou petrificado ao ler isto. Nunca poderia ter suspeitado tal coisa: o Luciano, namorado de Lena, envolvido com Josefina, a sua mãe. Pelo menos a investigação está-se a compor! Matutou o detective. De seguida, Rafael decidiu continuar a sua investigação com o objectivo de reunir mais provas. Foi, então, que decidiu investigar os computadores de Luciano, Lena e Josefina, onde acabou por encontrar outras cartas contendo declarações amorosas entre Luciano e Josefina, enviadas por e-mail. Todavia, encontrou também algo estranho: era uma espécie de ameaça de Lena a Luciano! Ao que parecia, ela estava já desconfiada do envolvimento entre ele e sua mãe. Seria?

(Requicha)

19 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 6º Parte

Rafael, quando saiu do quarto, foi até ao pátio para organizar as ideias. Começou a pensar, a pensar, a pensar…e chegou à conclusão de que quem tinha mais motivos para matar Josefina era a sua filha. Mas fazia-lhe muita confusão: uma filha matar a própria mãe?...

Entretanto, Rafael não queria parar as suas investigações. Como um bom investigador, pretendia sempre saber mais e mais.

Da janela da cozinha, Maria, avistou Rafael. Como não tinha nada para fazer naquele instante, foi ter com ele.

- Está muito inquieto, Sr. Doutor, – Afirmou Maria – posso ajudá-lo em alguma coisa?

- Já que pergunta se preciso de ajuda, acho que não vou negar. – Respondeu o inspector.

- Então diga lá o que quer saber. Se eu souber, respondo com todo o prazer – concordou Maria.

O inspector perguntou-lhe se sabia com quem é que Lena tinha saído na noite do terrível crime. Maria, com toda a sinceridade, disse-lhe que a única coisa que Lena lhe dissera antes de sair fora: “Vou sair, não volto muito tarde, mas não venho jantar.”

- Nisto fechou a porta e saiu. – Concluiu a criada - Nem tive tempo de perguntar à menina Lena com quem ia sair!

- Muito obrigado dona Maria, está a dar-me uma ajuda preciosa na descoberta do criminoso deste crime tremendo. – Agradeceu Rafael.

- Não tem nada que agradecer, eu também quero saber quem foi o assassino! - exclamou Maria – Mas se já não quer saber mais nada, vou até à minha humilde cozinha ter com os meus tachos e procurar a faca para preparar a carne para o jantar.

Esta conversa ainda deu mais que pensar a Rafael. E onde estará a faca? Quem foi que tirou a faca da cozinha da dona Maria? Será que foi com a faca que mataram Josefina? Eram estas as perguntas sem respostas que navegavam na cabeça do inspector.

Para tentar encontrar resposta a alguma destas perguntas foi fazer uma pequena busca à casa da família Queirós.

(Liliana)

15 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 5ª Parte

Entretanto, Rafael foi dar uma volta pelo pátio da casa, enquanto esperava que Lena chegasse. Ele aproveitou esse tempo para por as ideias no lugar. “A razão que levou a matarem Josefina foi uma vingança pessoal, mas quem teria algo contra ela? Quem é que lhe poderia desejar mal?”. Os seus pensamentos foram interrompidos por passos e lamúrias. Apercebeu-se de que pertenciam a Maria. Esta vinha carregada de sacos de compras e, vendo isto, Rafael prontificou-se a ajudar.

- D. Maria, eu levo os sacos mais pesados. – disse Rafael, pegando automaticamente nos sacos das batatas e das hortaliças.

- Oh, Sr. Rafael, não é preciso! – exclamou Maria, atrapalhada – É o meu serviço. – mas teve que se calar, pois viu que não o conseguiria demover.

Chegando à cozinha, Maria arrumou o que tinha nos sacos e começou a preparar a carne para o jantar.

- Ai, …, oh mãezinha, …, então mas,..., onde está? – interrogou-se Maria.

- O quê? – perguntou Rafael

- A faca para cortar a carne. Não sei onde ela está. Bem, se calhar arrumei-a num outro lugar. – desculpou-se Maria.

No entanto, Rafael não ficou convencido, porque Maria era conhecida como uma mulher muito organizada.

Quando chegou à sala, Rafael soube que Lena tinha acabado de chegar e que estava no seu quarto. Pediu permissão ao pai e foi falar com a rapariga. Subiu as escadas que davam acesso aos quartos e dirigiu-se ao de Lena. Ela estava a ouvir música clássica com o volume no máximo. Rafael teve que bater à porta com força e frequência para se fazer ouvir. Lena abriu-lhe a porta e não se mostrou nada surpreendida por vê-lo.

- Posso fazer-te umas perguntas? – perguntou delicadamente Rafael.

- Claro! – respondeu Lena prontamente – Entre!

Ela convidou-o a sentar-se no puf que estava ao pé da janela. Ela, por sua vez, sentou-se na sua cama.

- Soube que tens aulas de canto no conservatório onde trabalhava a tua mãe? – começou Rafael.

- Sim, tenho. – respondeu secamente.

- Uhm, …, mas não é muito do teu agrado, pois não?

- Não, não é! E nunca foi. – respondeu Lena – Foi para fazer a vontade à minha mãe. Eu não tinha jeito para tocar nenhum instrumento e, como é uma tradição na família ter-se uma profissão ligada à música, ela achou que eu devia ir para canto. Eu nunca concordei, mas não houve alternativa!

- Como vais fazer agora que a tua mãe morreu?

- Não sei! – respondeu prontamente Lena – Ainda não pensei nisso. Porquê?

- Pura curiosidade. – respondeu Rafael pensativamente – Onde estavas quando a tua mãe faleceu?

- Eu e uma amigas fomos a uma bar bastante movimentado na cidade. Estou sempre em casa, mereço espairecer um pouco. – ripostou Lena

- Claro, claro, … Mas chegaste cedo, para quem precisa de se divertir.

- Não gostei da companhia! – respondeu sarcasticamente Lena, pegando numa revista que tinha ao pé de si.

Rafael apercebeu-se de que ela lhe escondia algo. Decidiu não forçá-la. Tinha de agir com perspicácia.

- Bem, é tudo, – disse Rafael, dirigindo-se para a porta – Ah, já me esquecia! Já contactas-te com o Luciano?

- Não. Não sei nada dele.

Rafael saiu do quarto bastante intrigado. “Por que não aparece Luciano?”.

(Gabriela)

Conto "O Violino" - 4ª Parte

O detective saiu pensativo da casa dos Queirós, Luciano vinha mais vezes falar com a futura sogra do que propriamente com a sua namorada. Algo se passava, só não tinha era ainda descoberto o quê!

Já passado o difícil dia do enterro de sua esposa e com uma noite mal dormida, Júlio decidiu fazer o que mais gostava: afinar instrumentos, para ver se se distraía um pouco e para não pensar tanto no que tinha acontecido à sua esposa.

Era hora do almoço quando apareceu uma visita, Rafael. Encontram-se os dois no jardim.

- Olá meu amigo, como te sentes?

- Rafael, é como se a minha vida já não tivesse sentido… A Josefina faz-me tanta falta!

Rafael tentou reconfortar o amigo dizendo que faria o que estivesse ao seu alcance para descobrir quem tinha feito tal coisa à sua esposa.

- Ficas para o almoço? – perguntou Júlio a Rafael.

- Fico sim.

- Vou já dizer à Maria que ponha mais um prato na mesa.

Durante o almoço, ninguém disse nada. Estava estabelecido um ambiente mórbido na sala de jantar.

Já durante a sobremesa Rafael dirigiu-se ao pai e à filha:

- Eu sei que para vocês ainda é cedo, mas eu gostaria de falar com os dois ainda hoje.

- Claro, quando quiseres. – respondeu lentamente Júlio com a sua voz rouca.

De tarde, Lena saiu, dando ao pai a justificação de ir ao conservatório para se encontrar com Luciano. Era a altura ideal para Rafael falar com Júlio. Dirigiram-se ambos à biblioteca para terem uma maior privacidade. Rafael foi directo ao assunto, pois era um homem prático e não gostava de grandes intróitos.

- Onde estavas no dia em que a Josefina morreu?

- Já te disse, fui caçar.

- E o quê?

- Coelhos, caça miúda. Fui experimentar uma caçadeira nova que comprei na outra semana.

Júlio tinha dado a Rafael a resposta à sua próxima pergunta: a arma que ele tinha usado não era a sua arma habitual, aquela que Rafael tinha visto no moinho.

- E quanto tempo estiveste fora? Sê o mais preciso possível.

- Saí de manhã, pouco depois das sete e só voltei já tu estavas em minha casa, não sei bem mas já devia passar das nove. Foi nessa altura que soube do que tinha acontecido à minha querida Josefina.

Sem mais perguntas, Rafael perguntou por Lena. Porém, esta ainda não tinha voltado do conservatório.

(Cristiana)

3 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 3ª Parte

A igreja dava o sinal do triste acontecimento na família dos Queirós.

Enquanto isso, Rafael tentava perceber quem teria tamanha crueldade para praticar um acto destes num ser humano como Josefina. Uma pessoa que aparentava delicadeza, fragilidade e ternura.

Durante a tarde, iniciou-se a cerimónia fúnebre. Rafael e Lena aperceberam-se da ausência de Luciano, mas não quiseram comentar o assunto no momento.

De regresso a casa dos Queirós, cada um foi para seu lado: Lena refugiou-se no quarto e o seu pai, Júlio, retirou-se para a biblioteca, deixando o detective sozinho.

Aproveitando a oportunidade, Rafael decidiu ir falar com Maria novamente, mas desta vez sobre Luciano. Abriu a porta da cozinha e viu a empregada a arrumar umas facas que estavam sobre a banca. E então disse:

- Boa tarde, Maria. Pode conceder-me um minuto?

- Boa tarde, Sr. Doutor. Claro que sim. – respondeu Maria ainda atordoada.

- Há quanto tempo conhecia Luciano? – perguntou o detective.

- Acerca de dois anos. Desde que começou a namoriscar com a menina. – respondeu a criada.

- E o Luciano costumava vir falar com a menina Lena muitas vezes? – perguntou Rafael.

- Sim, muitas vezes.

Maria, por momentos pensativa, referiu:

- Mas, ultimamente, o menino Luciano vinha conversar muitas vezes com a senhora. Então, Maria começou num pranto exclamando em voz alta:

- Como vou sentir falta do toque daquele violino naquelas tardes em que lhe levava o chá! A senhora não merecia uma morte assim.

Rafael confortou-a dizendo que iria descobrir o que se passou naquela noite e saiu.

(Cláudia)

1 de maio de 2007

Conto "O Violino" - 2ª parte

- É verdade! – Afirmou Júlio – Quem diria!

Lena dirigiu-se até ao canto da sala enquanto telefonava a Luciano, o seu namorado. Ia contar-lhe tudo o que se tinha passado. Lena nunca necessitara tanto do apoio dele como neste momento. O sinal de impedido indicava-lhe o pior. O seu namorado estava incontactável. O que se passaria?

- Talvez esteja a escrever a sua partitura… – disse Lena apoiando o seu telemóvel contra o peito – O seu futuro depende dela!

Luciano era compositor de violino e estava há meses a escrever uma partitura para um quarteto de violinistas alemães. Se tudo corresse bem, iria ser a sua iniciação no estrangeiro.

No centro da sala, as frases monossilábicas de Júlio demonstravam a Rafael o sofrimento dele. O detective nunca o tinha visto assim.

- Então e a caça? – tentava desta forma Rafael abater o silêncio

- Qual caça?

- Não estiveste na caça? Como hoje é dia de caça e tens as botas sujas de terra pensei que tinhas ido.

- Ah sim! Fui. Já não consigo raciocinar. – desabafou Júlio.

- O Luciano não atendeu o telefone, papá. Deve estar a trabalhar na partitura. – disse Lena a seu pai.

- Deixa lá. Também já não vinha fazer nada… – Afirmou Júlio cabisbaixo.

- E esse Luciano quem é? – perguntou Rafael a Lena, iniciando assim informalmente o seu trabalho.

- É o meu namorado. Ele esteve cá em casa ontem, mas recebeu uma chamada e teve de sair. Agora telefonei-lhe e ele não atende.

Depois de um curto período de silêncio, Rafael decidiu ir falar com a empregada que estava na cozinha ainda em estado de choque. Depois de uma curta conversa, Rafael apercebeu-se de que não iria conseguir realizar o seu trabalho naquela noite, decidindo assim voltar no dia seguinte para ver melhor o moinho e para conversar então com a empregada.

- Então até amanha, Júlio. Vai para a cama e tenta descansar. Amanhã irás ter um longo dia à tua frente. Eu passo por cá logo de manhãzinha. – despediu-se Rafael.

- Até parece que isto tudo é uma mentira. – desabafou Júlio.

O sol rompera de manhã pela janela de Rafael. Nem parecia que na noite anterior tinha acontecido tudo aquilo.

Já no moinho, Rafael olhou para as pás e pensou: “Não é possível que alguém sozinho consiga por outra pessoa ali pendurada. Ou era mais do que um homicida ou então este não foi o local do crime.” Aqui começavam as suspeitas de Rafael. Como teria sido afinal Josefina morta? Teria sido aquele o local do crime? Ou haveria mais do que um assassino?

Ao abrir a porta do moinho, ele ficou ainda mais intrigado! Rafael avistou ao longe a espingarda de caça de Júlio. “Ele disse que tinha ido à caça! Se não estava em casa quando ocorreu o crime, como é possível que a espingarda dele esteja aqui? O moinho esteve fechado durante toda a noite. Ou ele não levou a espingarda preferida de caça ou então não foi lá e está-me a esconder alguma coisa. Mas se não foi, como explicar as botas sujas de lama?”

Rafael deixou então o moinho e dirigiu-se à casa dos Queirós. Bateu à porta e Maria veio então abri-la.

- Bom dia, Maria. Já se sente melhor? – perguntou educadamente Rafael.

- Bom dia, Sr. Doutor. Já estou muito melhor. Peço-lhe imensa desculpa por não ter conseguido falar consigo ontem à noite. Se desejar conto-lhe tudo o que se passou, enquanto o Sr. Queirós acaba de se vestir para o funeral da Senhora.

É então que chega Júlio à cozinha. Maria já tinha contado a Rafael tudo o que sabia.

- Bom dia, Rafael? Vens connosco para o funeral? – perguntou Júlio.

- Sim. Vamos.

(André)

Conto "O Violino"

tinha escurecido, Maria, a criada, fora fechar a cancela. O vento de trovoada tinha uma força tremenda naquela noite. “Isto até parece força do demo… Credo!”, pensou ela. Não estava vivalma em casa! Lena saíra (com Luciano?), Júlio fora à caça (não perdia uma oportunidade) e Josefina ainda não tinha chegado da escola de música.

- É estranho, a senhora nunca se atrasa! – matutou Maria, quando ouviu bater a porta do moinho – Maldito vento!

Maria correu até ao moinho. Estava encharcada. As pás do moinho rodavam violentamente. Foi então que a viu! Era monstruoso. Josefina, amarrada a uma das pás, rodava desfalecida. O sangue desenhava círculos infernais no ar. As mãos, como se tocassem um violino, não tinham um único dedo. A boca cosida com um fio estranho parecia uma pauta sinistra…

Na sala, o ambiente estava pesado. Lena e Júlio, abraçados, deixavam transparecer uma dor funda.

- Quem poderia ter feito isto? – Afirmou Júlio, dirigindo-se a Rafael.

- Já vi muitos crimes, investiguei muitos casos pavorosos. Nenhum tão sádico como este. E logo contigo, meu amigo de infância!

(colectivo)